sábado, 29 de agosto de 2015

A palavra é território

Texto: Ana Mendes e J.R Ripper
 
Ônibus lotados de quilombolas, indígenas, vazanteiros e outros povos e comunidades tradicionais, atravessaram o semiárido no dia 27 de agosto. O objetivo: entregar um documento ao atual governador do estado, Fernando Pimentel e ao ex-presidente Lula. Montes Claros, cidade aspirante a grande centro urbano, lotou. Isto porque agora é hora de olhar para os povos remanescentes e “entender o contexto local”, palavras ditas pelo próprio Lula.














Aproveitando o convite que a Fundação Darcy Ribeiro fez a Lula para vir a cidade comemorar os 30 anos de lançamento do livro 'O Povo Brasileiro', os povos tradicionais cortaram o sertão imbuídos da missão de reaver (e manter) seus territórios. Aquele mesmo pedaço de chão em que viveram seus avós e bisavós. Aquele cantinho no mundo onde enterraram seus umbigos. Aquela vereda onde Mãe Piana fez o parto de mais de duas mil crianças. A terra é consequência. Na terra se planta, no território brotam histórias. Para entender este contexto vamos abrir os livros de história, os acervos públicos, os arquivos do D.O.P.S. Longa jornada.

Esta é a responsabilidade que recai sobre o então governador de Minas Gerais. Ele tem a chance de cumprir as reivindicações descritas em vinte e dois tópicos na carta que recebeu. Pimentel está com a faca e o queijo na mão pra realizar o melhor governo da história e reparar a injustiça que durante séculos essas populações sofreram sendo expulsas para dar lugar a monocultura, eucalipto, agrohidronegócio e minério. O território exigido por eles são, na maioria, terras devolutas do estado ou terras improdutivas.

  Foto: Ana Mendes
 Foto: Ana Mendes
Foto: J.R Ripper
 Foto: Ana Mendes
 Foto: J.R Ripper